Robert Rojdiéstvienski/Роберт Рождественский (7)


Uma das últimas vezes que Jorge Amado esteve na Rússia foi em junho de 1989. Na ocasião, o escritor recebia o Prêmio Pablo Neruda, concedido pelo governo soviético. Quem entregou a comenda foi o secretário da União dos Escritores da URSS, Robert Rojdéstvienski (1932 - 1994). 

A primeira vez que ouvi falar dele foi quando morei em Petrozavodsk, capital da República da Carélia. Embora tenha nascido em Kosikha, no Krai de Altai, foi em Petrozavodsk que Robert Rojdiéstvienski se tornou poeta. Na avenida Lenin, a principal da cidade, é possível ver um desenho de seu  rosto cobrindo um muro inteiro. Há, ainda, uma estátua erguida em sua homenagem. 

Assistia televisão quando ouvi pela primeira vez um poema de sua autoria. Era um comercial de carro. A narradora recitava o texto. Não citava o autor. A beleza do que eu ouvia me fez desconfiar de que não se tratava de um mero texto publicitário. Repeti para si algumas linhas. Coloquei-as no site de busca do Yandex e me apareceu este poema cuja tradução eu compartilho com vocês.  


Todo mundo quer tão pouco:

pra achar

e encontrar.  

Inicialmente que haja

um

amigo

e um

rival...

Todo mundo quer tão pouco. 

Que ao longe a vereda guie 

que  entre nós mamãe

esteja

o tempo

que ela precise. 


Todo mundo quer tão pouco:

calmaria após 

a chuva

pedacinho azul de névoa

Vida

uma,

morte

uma. 

Todo mundo quer tão pouco:

o jornal quando amanheça

com uma procedência humana

e apenas um planeta:

a terra!

Só isso apenas. 

mais o sonhar sobre o rápido

Isso, em essência, 

é bem pouco. 

Isso é mixaria,

eu acho. 

Um pequeno pedestal. 

Não é lá um prêmio grande 

Todo mundo 

quer 

tão pouco. 

Que ao menos houvesse em casa

alguém esperando. 


1973


***



Человеку надо мало…

Человеку надо мало:

чтоб искал

и находил.

Чтоб имелись для начала

Друг —

один

и враг —

один…

Человеку надо мало:

чтоб тропинка вдаль вела.

Чтоб жила на свете

мама.

Сколько нужно ей —

жила.

Человеку надо мало:

после грома —

тишину.

Голубой клочок тумана.

Жизнь —

одну.

И смерть —

одну.

Утром свежую газету —

с Человечеством родство.

И всего одну планету:

Землю!

Только и всего.

И —

межзвездную дорогу

да мечту о скоростях.

Это, в сущности, —

немного.

Это, в общем-то,

 — пустяк.

Невеликая награда.

Невысокий пьедестал.

Человеку

мало

надо.

Лишь бы дома кто-то

ждал.


1973 г.


***

Publicado na edição de 11 de junho de 2022 do jornal A União.

Tradução revisada em 26 de fevereiro de 2024. 

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