Aleksiéi Krutchônikh/ Алексей Крученых
Aleksiéi Krutchônikh nasceu em 1886, em um vilarejo da região de Kherson, na Ucrânia. Em 1905, conheceu David Burliuk, que pouco tempo depois fundaria com Vielimir Khlébnikov o grupo “Budetlyane”, ao qual Krutchônikh se uniria e mais tarde seria denominado de cubo-futurismo.
Dentre os poetas vanguardistas russos, Krutchônikh desponta como a expressão mais radical e o conceito “zaum”, por ele criado, em que a língua se liberta do sentido para sua máxima expressão sonora, o mais efetivo exemplo.
Em Como escrever versos (1926), Maiakóvski contrapôs a poesia de Krutchônikh, feita de “versos torcidos, dissonância, toda uma diretriz de auxílio aos futuros poetas” a de Demian Bedny (1883-1945), “correta e compreensível demanda social do agora, toda uma diretriz necessária a trabalhadores e camponeses (misto de rimas poéticas moribundas), com efeito fabular”.
Amanhã, completarão 100 anos da morte de Lênin. Na ocasião, Krutchônikh, inspirado no estilo de Maiakóvski, cedeu à “compreensível demanda social do agora” e escreveu o poema que abaixo traduzimos:
Na morte do comandante
Na neve
Um golpe seco…
Rumor do ar..
Alguma coisa se quebrou por dentro:
-Morreu !..
«A morte do camarada Lênin…»
Correr… chamar…
Mas onde mesmo?
Ao redor um vácuo…
Na garganta amargos…
Socorro de quem?..
Cabeça hesitante…
da União da Juventude Socialista corre Serguei
Lágrimas, olhos,
Mãos, tremor,
Palidez
Ouviram?
O que vai ser agora!..
Pobre, já fora de si, lá vai ele.
E aqui -
Voou o ocorrido
estações,
cidades,
sítios,
A desolação a vapor rasteja
para além,
além
Na seda do sussurro…
Esfriaram as bocas alegres,
danças
teatros
apresentações pretéritas…
uma negra cicatriz serpenteia nas bandeiras…
Dá pra ouvir como das calçadas descarregam nossa terra!
Nas calçadas da URSS,
Nas calçadas do mundo do trabalho,
Um só penar a todos:
Não há mais o amado,
cujo nome todo trabalhador chamava!..
O ocorrido já ganhou o vento…
Todos vão à rua
como se ao chamar de um grande incêndio.
Curvemos
ao lembrar do comandante
destruamos o mundo cavalgador
e vendido!...
Pelas mãos dos trabalhadores
um formidável monumento
em honra de Ilitch
na Praça Vermelha
Nós enfeitaremos.
E depois deste
Em outras cidades
da URSS
milhões
de mãos-camponesas
monumentos
a Ilitch
dia e noite
forjam!..
O monumento a Lenin é da terra toda!
E vê a inimizade
através do medo e dos gritos,
a inscrição nele
avermelha-se:
comunismo!..
1924
***
На смерть вождя
На снегу
тупо ударило…
Воздуха гул…
Что-то внутри порвалось:
- Умер!..
«Смерть товарища Ленина…» -
Бежать… позвать… -
но куда?
Кругом пустота…
Горько у горла…
Помощь где?..
Замешалася голова…
Бежит комсомолец Сергей
слезы - глаза,
руки - дрожь,
побледнел…
- Слышали?.
Что ж теперь будет!.. -
Он, бедный, совсем не в себе…
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
И вот -
весть облетела
станции,
города,
селения,
скорбь кипятком поползла,
и дальше
и дальше,
крепом шурша…
Застыли веселые рты,
танцы,
театры,
бывшие зрелища…
Черный шрам вьется на флагах…
Слышно, как в траур погружается наша земля!...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
В трауре СССР,
в трауре все рабочие мира,
печаль одна у всех:
нету любимого,
чье имя каждый рабочий звал!..
Весть прожгла…
Все на улицу -
как будто выгнал большой пожар:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
- Клянемся
в память вождя -
разрушим гарцующий мир продажный!.. -
Руками рабочих
памятник грозный
в честь Ильича
на Красной площади
закрасуется!
А за ним
и в других городах
СССР!
Миллионы
рабоче-крестьянских рук
памятник
Ильичу
день и ночь
куют!..
Памятник Ленину - вся земля!
И видит вражье,
сквозь страх и визг,
надпись на нем
краснеется:
*Коммунизм!..*
1924 г.
***
Nos anos 1940, Krutchônikh foi aceito na União dos Escritores Soviéticos. Comercializava livros antigos, além de material de arquivo de poetas como Maiakóvski e Sievieriâni, além de prestar consultoria literária paga a jovens poetas que o procuravam.
Morreu em 1968. Krutchônikh foi ainda uma espécie de guru dos poetas de vanguarda dos anos 1950 e 1960, com quem manteve contato, tanto do underground soviético, a exemplo de Stanislav Krassovitski e Valentin Khromov, do grupo Tchertkova; Igor Khólin, Genrikh Sapgir e Ian Satunokvski, da escola de Lianózovo, bem como esteve próximo de poetas alinhados ao regime como Andréi Vozniessiênski.
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